O Brasil sofre com falta de mão-de-obra qualificada e a educação tecnológica, que oferece conhecimentos específicos para uma demanda atual do mercado de trabalho, é uma das melhores ferramentas disponíveis para enfrentar esse problema. Para quem procura emprego, isso significa um caminho rápido e garantido para as vagas disponíveis. Esta é a opinião do presidente da Associação Nacional da Educação Tecnológica (Anet), Fernando Leme Prado, que esteve em Curitiba para fazer uma palestra sobre os problemas e as perspectivas do ensino profissionalizante. Doutor em Educação, Prado explica que o curso tecnológico leva este nome por estar mais preparado às rápidas mudanças que a tecnologia promove na sociedade e, conseqüentemente, no mundo corporativo.
Saiba Mais


Gazeta do Povo – Muitas empresas e consultorias costumam dizer que o Brasil corre o risco de enfrentar uma escassez de profissionais, caso a economia continue crescendo do jeito que está, porque falta ensino adequado e amplo. Como a educação tecnológica pode contribuir para afastar esta ameaça?
Hoje existe uma certa escassez de mão-de-obra qualificada, em função de uma série de fatores. Muita gente chama isso de apagão da mão-de-obra. O que ocorre de fato é que foram gerados empregos consideráveis, que não diminuem o desemprego, porque as pessoas não estão qualificadas. Houve uma expansão tecnológica muito rápida e o tempo de adaptação das pessoas é menor. Assim que você aprende a usar um celular já aparecem dois ou três novos. Há uma obsolescência de conhecimento muito grande. Por isso as pessoas estão cada vez mais defasadas.
As escolas, como as faculdades de tecnologia, têm procurado desenvolver metodologias que permitam formar as pessoas em um tempo menor. Mas não é só isso. É preciso deixá-las com um nível de competência suficiente para ocupar essas vagas do mercado. Então são necessárias metodologias específicas para isso. Não adianta repetir aquela existente. O curso de tecnologia é focado no mercado e desenvolvido a partir das demandas identificadas.

Então os cursos de tecnologia estão em constante conexão com as novas demandas?
E em constantes mudanças. Não é possível ter um curso de tecnologia que repita por três, quatro ou cinco anos os mesmos conteúdos, as mesmas disciplinas e estratégias. As escolas e o corpo docente precisam estar permanentemente se atualizando e estudando para se adaptar às mudanças que estão ocorrendo. O curso tem que ser extremamente ágil e flexível. É possível que uma pessoa que entra em um semestre faça um curso diferente do que a pessoa que entra no próximo semestre.

Mas pelo fato de o curso tecnológico ter um foco bem específico, para aquele momento do mercado de trabalho, não há o risco de ele formar um profissional que fique obsoleto mais rapidamente?
Mas isso é algo que as pessoas precisam ter extrema atenção. Todo mundo tem que estudar para o resto da vida. É o que eu estava falando sobre obsolescência do conhecimento. As pessoas vão ter que voltar para a faculdade várias vezes. Hoje você tem conhecimento para exercer uma atividade, amanhã sua atividade desapareceu. Aprender a aprender é algo extremamente significativo.

Por isso os cursos são uma das maiores ferramentas para enfrentar a possível escassez de mão-de-obra?
Exatamente. O índice de empregabilidade nesses cursos passa de 80%. Em alguns é de quase 100%. Raríssimos são os bacharelados que conseguem um índice dessa ordem. E na mesma esteira vêm os cursos técnicos, que ficaram perdidos por quase uma década em função das mudanças de legislação. Um aluno que sai do ensino médio com um curso técnico tem uma perspectiva de empregabilidade muito maior do que aquele que sai sem. Aliás, o que sai sem tem uma empregabilidade quase nula.

Jornal Gazeta do Povo - Publicado em 28/05/2008 - Gestão & Carreira

0 Comments:

Post a Comment




 

Layout por GeckoandFly | Download por Bola Oito e Anderssauro.